Fazendo Cinema.
Então.
Prestes a entrar em pouco tempo em regime de gravação do primeiro curta-metragem deste falso blogueiro, meu orientador do TCC , Dr. André França, me fez algumas perguntas, nesse estagio inicial de produção.
Foram perguntas interessantes, que resolvi postar aqui e dividir um pouco dessa prazerosa angústia inicial.
O nome do projeto é O Homem Mais Insuportável do Mundo, tendo iniciado as gravações final de setembro,inicio de outubro.
A previsão de estréia (de ficar pronto, por assim dizer) é em dezembro.
André França - O que te interessa no projeto?
J. Caçapava - "Este filme é o meu projeto de conclusão de curso. É também o primeiro filme que irei fazer, destes com responsabilidade maior, com produção, com muita gente envolvida. A idéia, além de fazer um bom trabalho, é que a jornada de trabalho (pré-produção e filmagem) seja prazerosa e acima de tudo, como diria um amigo, tenha rigor em todos os seus aspectos.
É um curta-metragem diriam ousado, com muitas sequências complexas, temas secundários e subjetivos, cenas com animais, cenas com crianças – e tudo isso de certa forma sem capital, tudo com ajuda de amigos e colaboradores. Para estes, quero fazer um trabalho que seja para muitos uma referência, uma forma de aprendizado e um degrau da escada, já que muitos da equipe experimentam de fato a magia não de ver, mas de criar e participar do fazer cinema pela primeira vez na vida – Inclusive eu mesmo me considero nessa lista. E quero também que esse filme ajude de fato, na vida dos expectadores, que os Adagios possam se identificar e manifestarem, sorrindo ou não com as proezas e situações vividas pelo personagem principal da trama."
André França - Quais são os temas principais do filme?
J. Caçapava - "Eu diria que a solidão acima de tudo. Sobre como a comunicação - a falta de - pode influenciar na vida de um homem comum. E ainda acredito na subjetividade do filme, isso imprimido no final da obra, no qual pode representar diferentes visões, de acordo com que o assiste identificar. Há quem o diga que a moral gira em torno da homossexualidade; há quem diga esquizofrênia, há quem o diga que seja por falta de amor, como quem o diga que seja por falta de amigos, de filhos, de dinheiro – que seja. Vamos configurar alguns elementos e deixar que o expectador tire suas próprias conclusões – aproveitando o fato do formato de curta-metragem não suportar maior tempo para se aprofundar no personagem (normalmente um curta privilegia o formato, a linguagem não o personagem)."
André França - Que tratamento você pretende dar a estes temas: principais e secundários?
J. Caçapava - "A apresentação do filme é demasiadamente longa (para um curta). Por muito tempo eu hesitei em manter ou não desta forma no roteiro final, mas acredito que de fato é preciso mostrar um pouco a normalidade do personagem principal antes da exceção, antes de tirarmos esse cotidiano dele e mostrar como ele reagiria aos acontecimentos extraordinários que lhe ocorrem, sendo desta forma, desenvolver as obviedades da narrativa; é claro que ele vai precisar de alguém e é claro que este alguém vai ter de ser a pobre da Mary Lou! É claro também, que é tudo muito rápido, mas não há como ser de outra forma.
Acredito que um expectador mais analítico possa perceber outras coisas embutidas no filme, essa é a maior magia do cinema, esta possibilidade infinita, e este por sinal é o trabalho mais difícil na realização dos filmes, dos bons filmes. Estamos trabalhando aos poucos nesses conceitos, nessas camadas, como que construindo uma casa: primeiro o teto, as janelas,enfim, para construir um bom filme.
É um filme de exclusão, sendo assim, a trama fica mais focada em Adagio, este personagem estranho e misterioso, que isolado do mundo, de repente se vê numa situação que depende de alguém. Por que existe a solidão, é um destino? Existem formas de ignorar isso e ser enfim, feliz?"
André França- De que forma você pretende configurar os diversos elementos do filme ...
João Caçapava - "Em trabalho conjunto com a direção de arte, a fotografia e os atores. Estamos montando nessa fase inicial, o cotidiano, a normalidade de Adagio. Estamos compondo um universo melancólico e antiquado, mas que de certa forma não é diferente das demais, porque a idéia é justamente a identificação imediata do expectador, mesmo que involuntariamente – porque no fundo cada um sabe de si o quanto é insuportável e esquisito. Para tal, a idéia é fazer da casa de Adagio um lugar normal, mas com esquisitices em dadas proporções, como por exemplo: Ele tem uma televisão nova em contraste com um aparelho de som antigo, uma vitrola. Ele tem um cachorro... Mas que se chama “Deus”, e por assim vai.
Queremos também que Adagio tenha aparência brega, antiquada, diria esquisita. É uma pessoa que você vê na rua e pensa que é o tipo de gente que deve ser sozinho, não ter amigos, não tem ninguém, deve ser depressivo, esse tipo de coisa. É uma pessoa que parou no tempo, mas vive nos dias de hoje e que acima de tudo - pode ser qualquer um de nós.
Aos poucos, estamos montando esses conceitos, sempre preocupados com o que é possível ou não – Afinal iremos rodar um filme numa casa emprestada, assim como objetos, roupas, tudo deve ser pensado dentro de um limite, com o máximo de criatividade possível ...."
1 comment:
Muito massa :) bjo e te amo!
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